sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Metade...




"Que a força do medo que tenho

Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito

Não me tape os ouvidos e a boca

Porque metade de mim é o que eu grito

Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe

Seja linda ainda que tristeza

Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada

Mesmo que distante

Porque metade de mim é partida

Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que falo

Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor

Apenas respeitadas

Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento

Porque metade de mim é o que ouço

Mas a outra metade é o que calo

Que essa minha vontade de ir embora

Se transforme na calma e na paz que eu mereço

E que essa tensão que me corrói por dentro

Seja um dia recompensada

Porque metade de mim é o que penso

E a outra metade um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste

E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância

Porque metade de mim é a lembrança do que fui

E a outra metade não sei

Que não seja preciso mais que uma simples alegria

Pra me fazer aquietar o espírito

E que o teu silêncio me fale cada vez mais

Porque metade de mim é abrigo

Mas a outra metade é cansaço

Que a arte nos aponte uma resposta

Mesmo que ela não saiba

E que ninguém a tente complicar

Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer

Porque metade de mim é platéia

E a outra metade é a canção

E que a minha loucura seja perdoada

Porque metade de mim é amor

E a outra metade também."

Oswaldo Montenegro


Hoje rolam.me pela face e não as consigo conter...

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